Oficinas no cenário atual

Embora as oficinas mecânicas sejam consideradas um serviço essencial em meio à pandemia, os negócios nesse ramo também foram severamente afetados. Devido às taxas de desemprego recordes no país e aos frequentes lockdowns, as pessoas simplesmente não estão dirigindo tanto durante este período. Infelizmente, ainda não temos claro quando ficaremos completamente livres deste vírus (se é que algum dia ficaremos) e, em razão disso, devemos fazer o que o brasileiro faz melhor, que é se adaptar e seguir a vida nesta nova realidade e novo estilo de vida.
Um dos problemas que surgiu para os proprietários de empresas foi o afastamento do colaborador com suspeita de contaminação, até a comprovação da doença ou mesmo da cura, caso acometido pelo Coronavírus. Você deve ter percebido que o Estado deixou o empresário sozinho nessa situação, ou seja, os 15 dias necessários de afastamento foram por conta da empresa, correto? Quanto aos pagamentos de impostos não houve isenções, somente prorrogações e parcelamentos. Novamente o empresário precisou “se virar nos 30” para cumprir suas obrigações, o que acabou se tornando um grande problema, se somado à baixa de serviços.
Outros fatores, que vêm afetando o setor e estão se intensificando nos últimos dias, são as interrupções da cadeia de suprimentos. Os atrasos no recebimento e a falta de peças em todo o país são situações que pioram, ainda mais, a já sensível situação. O estado de São Paulo, onde estão os maiores fabricantes de autopeças do Brasil, tem adotado severos e longos lockdowns, o que tem sido um fator determinante no quesito de abastecimento. Porém, isso não é uma exclusividade nossa. Os produtos importados da Europa também estão em escassez no mercado devido à mesma situação.
Aqui no mercado americano de veículos, por exemplo, o setor está bastante afetado pela falta de microchips e semicondutores, o que acaba por interromper o fornecimento de várias peças cruciais (como um módulo do ABS, por exemplo) e, consequentemente, paralisa toda a linha de produção. A Ford americana teve uma redução de 17% em sua produção, no primeiro trimestre deste ano, e prevê uma situação ainda pior no segundo trimestre, estimando a redução em 50% por falta desses produtos. O prejuízo para o mercado de veículos está estimado em aproximadamente R$ 286 bilhões. A falta de disponibilidade de veículos novos tem feito as concessionárias vender algumas linhas de produtos com ágio ainda mais intensificado nos últimos meses, com a retomada e aquecimento da economia pós-vacinação (se falta produto no mercado e este tem alta demanda, o mercado naturalmente eleva o preço - lei da oferta x procura).
Mais um detalhe que está afetando as autopeças importadas é o preço dos fretes internacionais. Alguns trechos chegam a custar 10 vezes mais do que antes da pandemia. Já não bastasse essa variável, ainda se somou a isso o encalhe do navio Ever Given da empresa Evergreen, que manteve o canal de Suez fechado por sete dias, bloqueando a passagem de 400 navios e gerando um prejuízo para a economia mundial estimado em 2,2 bilhões de reais por hora! Mas, apesar de tudo, o nosso setor não parou completamente, o que, se comparado com o cenário de outras empresas, foi uma situação afortunada. Não consigo imaginar o que os empresários, que estão com seus estabelecimentos fechados há semanas ou meses em alguns casos, fizeram para sobreviver, se é que conseguiram. Como diz um velho ditado: “o sábio para ser feliz sempre olha para baixo, nunca para cima”. Resumindo: vamos agradecer por ainda estarmos trabalhando e vamos ter empatia por todos os outros empresários, que estão impedidos de trabalhar e gerar o sustento de sua família e de seus respectivos colaboradores.